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segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Jurassic Park


É difícil quando me fazem a pergunta (ou quando tenho que responder um questionário) de qual meu filme favorito. Acho que não tenho um filme favorito, não tem aquele que eu tenha assistido e possa falar "esse é o melhor". Mas com certeza, um que eu poderia facilmente falar que me marcou demais foi Jurassic Park (1993). Apesar de já ter até de certa forma enjoado do filme, tamanhas são as vezes que eu o assistí ou que ele foi reprisado na TV. De qualquer forma, pra mim, continua sendo uma das maiores obras primas do cinema de todos os tempos. Simplesmente porque consegue reunir em um mesmo filme, praticamente todos os quesitos que eu consiga avaliar um filme como sendo bom. E claro, sua qualidade reconhecida em cada um dos quesitos, apesar de alguns homossexuais frustrados (também conhecidos como críticos de cinema) sempre dizerem o contrário. Não, nem 'Cidadão Kane', nem 'E o Vento Levou', nem 'Casablanca', nenhum desses soníferos supera a obra prima do gênio (literalmente) Steven Spielberg.

A começar pelo principal ponto ao se ver um filme: roteiro. O filme de 1994 é baseado no livro homônimo, de
Michael Crichton. Nunca li o livro, até porque não sou dos maiores fãs de leitura em livros, apesar de gostar de alguns. E sinceramente, essa modinha besta entre os pseudo-intelectuais de achar que sempre o livro é melhor que o filme por conter mais detalhes, acho uma tremenda de uma besteira. Mil vezes assistir, com os olhos, uma cena história (como a da foto acima), do que ler 55 páginas da mesma cena e ter que imaginá-las. Não há a menor comparação! E quando o assunto é roteiro, aí sim eu posso falar que JP é o melhor filme de todos os tempos. Adaptação ou não (claro que é), continuo achando o filme um dos maiores feitos da humanidade. A idéia era simples, através de clonagem (na época, ainda era ficção científica), cria-se dinossauros, aqueles seres que morreram a milhares de anos, e que os escritores da bíblia não tinham a menor idéia de que existissem, mesmo tendo "falado" com o criador (aff). Mas mais que isso, o filme é classificado como ficção científica, gênero que invariavelmente cria os melhores roteiros, as histórias mais espetaculares. Isso também, claro, desde que a palavra ficção não seja levada muito a sério, afinal, só é legal quando nos faz imaginar que tal coisa é possível. Criar dinossauros, com todo o avanço tecnológico de hoje em dia, acho que ninguém duvida. Já coisas do tipo de Star Wars, não passa de viagem, como é 'Alice no País das Maravilhas'. Daí vem a diferença. Por mais que ambas, muitas vezes, não passem de fantasia.

Com certeza, apesar do roteiro ser o melhor do filme, o mais marcante desse para o público em geral foram os efeitos especiais. De nada adiantaria ter esse roteiro maravilhoso, se não tivesse como passar isso para a tela. E é aí que ganha dos livros. Mágico! A cena da foto acima, além de marcante, é uma prova de que mesmo a anos atrás, Spielberg já era gênio. Ele e toda sua equipe. São simplesmente impecáveis, com certeza, revolucionou essa indústria, dos efeitos especiais. Basta pegar os efeitos dos filmes dos anos 80, compará-los com os atuais, e verá que o salto de qualidade, quando deixaram de ser aquela coisa falsa, foi justamente com JP. É difícil acreditar que aquele T-Rex era computadorizado. Assim como os velociraptors. E isso é uma das coisas que mais admiro em Spielberg, seus filmes são carregados de efeitos espetaculares, que fazem uma imagem valer mais que 20 livros. E por isso é um gênio.

Mas é verdade também que de nada adiantaria tudo isso, se não tivesse os atores certos. Longe de celebridades e atores "bonitinhos", foram escolhidos as pessoas certas para os papéis certos.
Sam Neil tem cara de arqueólogo, tem jeito de arqueólogo, e só não é arqueólogo porque é um grande ator. Laura Dern faz bem o papel de "protagonista secundária". Jeff Goldblum foi o pior deles. Ele teve atuação fantástica como o lendário Ian Malcolm (nome sugestivo). Mas como ele pode ter sido o pior? Simples: ele não interpretou, ele foi ele mesmo no filme. Já o vi em outras entrevistas, em talk shows, ele é o Dr. Malcolm na vida real. Um ator acima de qualquer suspeita, no papel mais legal de todos, apesar do pouco trabalho que ele teve em ser a si mesmo. Tim e Lex, interpretados pelos Joseph Mazzello e Ariana Richards também mantem o clima de super-produção. Não sei porque depois não deslancharam na carreira, coisas de "Bloodywood". Jhon Hammond (Richard Attenborough) fez o papel de anti-mocinho, anti-herói, anti-vilão. Aquele que põe tudo a mesa, faz o sonho acontecer e sempre é considerado o culpado, assim como todos os maiores sonhadores da história, como Walt Disney, Enzo Ferrari, Bill Gates e tantos outros, muitos deles considerados mal da humanidade, errôneamente e injustamente. São as pessoas que, com sonhos, fazem história, diferente das outras bilhões que viveram na mesma época e não passaram de anônimos. Uma pena o Sr. Hammond ser somente uma personagem de ficção, e não de reflexão.

Mas de nada adiantariam roteiro maravilhoso, efeitos especiais espetaculares, ótimos atores em ótimos papéis se um gênio não comandasse tudo: e aí vem o discípulo judeu que superou (e muito, na minha opinião) o mestre. Os fãs de mestre Yoda nunca concordam. Mas que se "Fyoda"! Pra mim, não é somente o melhor diretor do cinema, é o sujeito que criou os verdadeiros blockbusters. Sim, houveram muitos outros filmes de tremendo sucesso antes dos desse senhor, mas realmente poucos tiveram a ousadia de ser tão bem sucedido em quase tudo o que faz. Não a toa sua empresa se chame '
Dreamworks' ("Fábrica de Sonhos"). E não a toa ele não se apóia em somente uma obra sua (agora os fantasiados de Chewbacca vão me xingar de vez, mas os respeito).

Enfim, ver a cena do carro parado com o pé de cabra (estou falando literalmente) cair sobre o capô, ainda ensanguentado, e depois escutar os passos aterrorizantes balançando a água em forma uniforme partindo os "raios" do centro da poça ou do copo (sinal de que o tremor veio da terra, não de outro balanço - teoria do caos, diria Ian Malcolm). Aí, um ser que deveria estar morto a alguns milhões de anos, com 15 metros de altura, rugindo com a ferocidade de 40 leoas no cio, deixando a marca da sua pegada na lama e mostrando dentes que seriam capazes de cortar o diamante mais duro possível. E você ali, dentro de um carro frágil e lento (antes fosse uma Ferrari, diria Enzo), tendo apenas como armas um sinalizador que chama ainda mais a atenção do rabudo (não sortudo), ou sua voz tentando superar no desespero o grito do maior predador de todos os tempos, pelo menos na fama (é, o homo sapiens ainda ganha). Não é propaganda do Master Card, mas tem coisas que somente Steven Spielberg faz por você!

Link interessante:
Jurassic Park Brasil, comunidade do mal falado Orkut. Muita informação 2.0, com algumas asneiras também, mas muito boa! Depois, escreverei artigos sobre as continuações;

domingo, 9 de dezembro de 2007

Ghostbusters e TMNT


No início da década de 90, eu morava em São Paulo. Zona Leste, lugar com muitos 'focos' de pobreza, mas também um tanto quanto tranquilo em determinados lugares. E tranquila era a rua onde eu morava. Claro, se desconsiderar os dois assaltos nos mais de 10 anos que minha casa sofreu. De qualquer forma, as crianças ainda podiam brincar nas ruas até noite, era uma rua sem saída. Todo um lado da rua era preenchido pela creche, que não me vem o nome a cabeça nesse momento. Do outro lado, casinhas simples, sobrados, de dois andares em sua maioria. Poderia ser considerado facilmente um lugar de classe média, população com poder aquisitivo relativo, mesmo todos tendo que trabalhar demais. Lugar que, ainda e época, fazia frio no inverno. E essa é uma das mais gostosas lembranças que posso ter. De um lugar aconchegante, principalmente no frio, de vizinhos que, tirando um entreveiro e outro, eram amigos. Vida simples, trabalhadora, sem grandes mordomias, mas tranquila.

Nessa época, no ano de 1990, eu tinha exatos 6 anos. Meu primeiro último ano na creche, onde o portão de entrada ficava a menos de 15 metros da porta da minha casa. Ainda me lembro dos dias frios, quando minha mãe fazia com que eu colocasse duas blusas de frio, antes de me deixar na creche e ir trabalhar no posto do Banespa da Eletropaulo. O dia passava na creche, extremamente rápido, eram horas de diversão com poucas responsabilidades. Não tínhamos provas, exercícios, tarefas. Aprendíamos brincando. As professoras eram legais, raras eram as broncas. A maioria das crianças eram da região mais pobre do Bairro do Limoeiro. Eram 3 refeições ao dia. A última começava as 16:30 hs, era quase sempre sopa. Segundo minha mãe (e acredito nela), até hoje não gosto de sopa talvez por causa disso. Talvez tenha enjoado, afinal foram anos nessa rotina de sopa no fim do dia na creche. Não que fosse ruim, na época eu comia bem. Mas depois com o tempo, qualquer sopa que seja não me desce mais. Um miojo por ano já é o suficiente pra completar meu 'estoque'. E ainda estou alguns anos devedores, hehehe. Pouco me lembro de situações isoladas dessa época. Minha memória não gosta de mim, e eu não gosto dela, pois vivemos nos traindo o tempo todo. Mesmo assim, essa rotina, as boas lembranças do geral, de coisas simples ainda me vem a cabeça, quando estou parado no trânsito da Marginal Tietê, quando estou me 'concentrando' pra dormir, qualquer hora em que não esteja ocupado e me estressando com o dia a dia. Me faz bem, me lembra a melhor época da minha vida. Época boa que não volta mais. E que dá saudades, e que saudade!

Nos dois anos seguintes, 1991 e 1992, comecei na escola. Um baita tabu para uma criança. Chorava e chorava nos primeiros dias de Colégio Olivetanos, no tradicional bairro da Penha. Uma baita escola. Linda, prédio em estilo gótico, controlado por freiras. Não era uma escola de formação religiosa, mas tinha o controle dessa. Nos dias nublados e frios (minha preferência), parecia que as coisas ficavam ainda melhores. Um clima gostoso, aulas novas, nova vida. Pra ir para a escola, eram feitos revezamento dos pais na ida e na volta, entre as crianças do bairro. Não me lembro de haver vans escolares na época, pelo menos não naquele bairro, mas já deviam existir. As intermináveis lotações paulistanas eram presentes, mas passavam longe do coitado do Limoeiro velho de guerra. Ia até a casa do Thiago e da Camila no fim da rua de cima, esperando pela hora de ir para o Olivetanos na hora do almoço. Isso durou até 1° de janeiro de 1993, quando me mudei para Araras. Realmente não entendo porque essa época me encanta tanto, me dá tantas saudades, mesmo me lembrando bem pouco dos detalhes. Vivi ótimos momentos aqui em Araras, mas nada se compara a essa época da minha vida. Eram tempos excelentes, de amigos inesquecíveis (ainda continuo a procura dos restantes no Orkut).
E o que TMNT (Teenage Mutant Ninjas Turtles, ou simplesmente Tartarugas Ninjas) e Ghostbusters (os Caça-Fantasmas) tem a ver com isso? Poxa vida, esses dois desenhos eram o resumo daquela época. Algo que, hoje, eu posso ver e relembrar dessa época. Das coisas boas, de como esses dois desenhos eram importantes pra mim naqueles anos dourados.

Dos poucos detalhes que consigo lembrar dessa época, sempre eles estão envolvidos. Me lembro de um dia chuvoso na creche, quando alguma coisa aconteceu e precisaram nos dispensar mais cedo, no hora do almoço, mais ou menos. Não me lembro o porquê da dispensa, mas as professoras precisaram ir embora. Fui embora, fui pra minha casa, bem em frente a creche. Enquanto outras crianças ainda tinham que andar bem com suas mães debaixo do guarda-chuva, eu atravessava a rua e chegava a meu lar doce lar. E estava chovendo, fazia frio. E chego em casa, ligo a TV, e começa a passar o filme dos Caça-Fantasmas na TV. Nossa, que dia feliz! (hahahahaha). Um dia em casa, chuvoso, debaixo da coberta, comendo bolacha (acho) e vendo o ícone da minha geração. Era um dia perfeito pra alguém com 6 anos. Até hoje ainda posso sentir o clima daquele dia. Das Tartarugas, me lembro de quando ia para a casa do Thiago na hora do almoço esperar para ir para a escola. Escola que era o pesadelo das crianças, afinal, era uma tarde "perdida", sem poder brincar, jogar video-game (graaaaande Turbo Game e seus poderosos 8 Bits). E minha última felicidade no dia (hehehehe, exagero, mas era uma criança) era poder ver o episódio das TMNT na TV. Era o último desenho do 'Xou da Xuxa', passava bem na hora do almoço. Eu via os quatro ninjas verdes mandarem o Technódramo (!) para a Dimensão X e depois começava minha tortura (escola). Puts, que tristeza era ver o fim do desenho, significava a hora de estudar (argh!).

Também me lembro de ir a locadora próximo a Eletropaulo, em frente ao Terminal A.E. Carvalho. A video-locadora ficava na parte de cima de uma padaria. Já era noite, chovia pra variar (volta a ser a 'terra da garoa' São Paulo!). Fomos minha mãe e eu ("o burro vem na frente", já dizia Professor Girafales) até a locadora alugar o filme que eu tanto queria ver. Quando cheguei e vi a capa parada ali parecia um sonho se realizando. Já podia ler a palavra 'dublado' com lágrimas nos olhos. Depois de locada, ainda no caminho até minha casa (não era longe, cerca de 10 minutos de carro), já podia imaginar as várias cenas no poderoso videocassete de 4 cabeças (para os mais novos, não eram nenhum monstro mutante ou coisa parecida). Ao assistir, apenas a pequena decepção de não ver a dublagem exatamente como no desenho, nada que estressasse tanto uma criança. Mesmo assim, ainda me lembro. Lembro de cada detalhe, lembro de cada momento de satisfação. De uma coisa tão pequena e tão simples, trazer recordações tão saudosistas.

Hoje em dia não sou mais criança (pelo menos não no aspecto físico, hahaha), mas ainda vejo esses filmes e/ou desenhos com um ar de nostalgia. Uma nostalgia inexplicável, difícil de ser substituída. Quando estiver no leito de morte (puts!), ainda vou me recordar desses momentos tolos como se fosse a melhor fase da minha vida, talvez porque realmente sejam. Me embrulha o estômago imaginar que um dia pudesse viver só mais um segundo dessa época. Só mais um, nem mais, nem menos. Ficaria para a eternidade, a minha eternidade.

Hoje, vejo os desenhos da TMNT e dos GB como relíquias. São toscos, assim como os filmes. Estão longe de serem obra-primas. Mas pra mim, estão na galeria dos melhores de todos os tempos. Porque me fazem viajar no tempo, me fazem sentir melhor em dias difíceis, me livro dos problemas do trabalho, dos problemas pessoais. Volto a uma era mágica da infância, quando coisas pequenas marcaram mais que grande acontecimentos na vida adolescente ou adulta. Era em que dinheiro significava moedas pra comprar balas no bazar do seu 'Zé'. Era em que problema sério era perder um episódio do Jaspion, do Jiraya ou do Giban sem reprise no outro dia. Era em que a família estava reunida em casa, juntos. Era em que se divertir não era pegar um carro e andar a 200km/h pra ir a uma festa, mas ir na campainha do vizinho chamar seus amigos pra brincar de pega-pega na rua.

Cada filme, cada desenho, cada dia frio debaixo da coberta... saudade que corrói, dói saber que se foi. E que não voltará. Nossa, que saudades!