terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Extermínios e Genocídios


Antes de ontem assisti o filme "I am Legend" ("Eu sou a Lenda"), com Will Smith e Alice Braga. Gostei bastante do filme especialmente pelo conteúdo principal, o tipo de história que sempre me fascinou em filmes: extermínio da raça humana. Não que eu sonhe em um dia fazer isso (hahaha), nem que espere ou torça para que isso aconteça, mas acho um dos temas mais interessantes na hora de colocar nas telas, um mundo desse tamanho, com todas as suas formas, cidades, países, mas sem humanos. Ou pouco deles, ou o que sobrou deles. E claro, não aqueles que acabam de vez com a humanidade, sem deixar nem sequer vestígios direito (estilo Exterminador do Futuro com lançamento de bomba nuclear, apesar que isso também torna um filme interessante pra mim).

No caso específico do filme de Will Smith (grande ator e astro), nem é dos melhores do gênero, apesar de me interessar em dois pontos específicos. O primeiro em especial é o fato de levarem esse estilo aos blockbusters, o que chama a atenção do grande público e, por tabela, saia alguma continuação ou aquelas cópias do filme. Sendo sobre o tema, é sempre interessante. O outro é o fato de um filme focar Nova York abandonada. É realmente perturbador ver Manhattan sem uma alma viva praticamente. Lembro de ter visto algo semelhante em outro filme espetacular, "Os 12 Macacos" (Twelve Monkeys). Porém, o filme peca em alguns aspectos importantes, como no fato dos humanos mutantes serem feitos em computação gráfica. Acaba tirando muito do realismo e do interesse. Seria mais interessante usar atores mesmo, e os mutantes sem tamanhas habilidades físicas, de pular feito jaguares. E também, jogar um astro reconhecido como Smith em um filme desses, acaba com o realismo de vez, pois ele sempre tem que ter seus atos heróicos de ações, ser super-bem treinado, saudável e coisas do tipo. Ele também é pouco perturbado mentalmente, e isso é com certeza o ponto principal quando se faz uma personagem que se encontra sozinho no mundo. Não há como imaginar as reações de um ser humano exatamente, mas agir ao natural fazendo exercícios de manhã, se alimentando bem ou 'alugando' DVD´s para assistir? É complicado demais.

Acho que esse meu interesse pelo tema, especificamente, de extermínio da humanidade, nasceu da paixão pelo jogo e, principalmente, pelo enredo de Resident Evil. Desde que joguei esse jogo pela primeira vez, em 1996, vi que o assunto me interessava. É claro que a primeira palavra que vem a cabeça quando o nome do jogo é mencionado são de zumbis. Mas o jogo não é específico sobre o assunto, tanto é que basta se aprofundar no enredo do jogo e descobrir que esse é o menor dos detalhes. É difícil até chamá-los de zumbis, uma vez que tem características próprias. Em RE, a história parte para um lado excepcional, com interesses de grande corporação por trás (Umbrella), reviravoltas, mortes, junção de vários elementos incrementares que a tornam complexa e interessantíssima ao mesmo tempo. Estudá-la é parte de minhas leituras favoritas. Pena que ainda são poucas as fontes realmente confiáveis. Mas com o tempo, cada peça do quebra-cabeça se junta novamente. Porém, no caso desse, os filmes partiram para um outro lado. Ainda no lançamento do primeiro, me lembro que tentava ainda encaixar os personagens com o plot do jogo, mas realmente, não tem jeito. Pode-se avaliar os filmes como algo a parte, apenas baseados mesmo no jogo. Já mencionei isso no artigo sobre o novo filme de SF. Eu ainda sim gostei dos dois primeiros filmes, se apenas considerá-los como bons filmes de ação. Uma pena que não estejam condizentes com a história de verdade. Agora, ao que parece, será lançado um filme em CG que fará e contará parte da história, o que realmente me deixa ansioso. Mal posso esperar. O terceiro filme veio apenas para dar uma pá de cal na trilogia, deixando muito a desejar e sendo de extremo mal gosto. Pobre Milla Jovovich, merecia coisa melhor.

Pra mim, os filmes definitivos sobre esse gênero é o que deu idéia para o nome do artigo: Extermínio (28 Days Later e 28 Weeks Later). Tanto que são meus as maiores edições sobre o filme no Wikipédia. Me lembro de ter visto o primeiro anuncio do filme nos filmes em cartaz da Sky. Me interessei no mesmo momento, até pela antecedência do primeiro filme de RE. Quando meu amigo Dênis me confirmou sobre o que se tratava, fiquei fissurado atrás do filme, até achá-lo para locar, algo não muito fácil em uma pequena cidade do interior. A começar, pelo estilo de filme "B" que leva o nome de Danny Boyle. Extermínio realmente é uma obra prima nesse ponto. Conseguiu traduzir todo o sentimento de estar sozinho em um mundo abandonado. A trilha sonora ajuda também. Deixa aquele clima estranho, de outro mundo, típico para quem se imagina um dia acordar e estar sozinho no planeta. Depois, a história se desenvolve de forma brilhante, mostrando boa parte da infecção, transformação das pessoas pelo vírus da raiva (também não são zumbis) e da tentativa de sobrevivência das personagens. O segundo filme, a continuação, já foi diferente, mas não menos espetacular. Saiu o clima de filme "B" para um visual blockbuster, mas com a mesma maestria do primeiro. A evacuação de Londres e a re-população são cenas extremamente bem-feitas, com um realismo impressionante. E depois, no momento em que o alerta vermelho é dado para sacrificar todas as pessoas para que o contágio não se espalhe é de arrepiar. Nem tanto pelas cenas em si, apenas muito bem gravadas, mas pela atitude de humanos ordenando a execução de outros humanos, algo muito comum na história, desde genocidas até líderes de igrejas. Tentar imaginar um cenário assim, ou pior ainda, sendo parte dele, é aterrorizador. Mas interessante, muito interessante e intrigante.

Creio que os seres humanos costumam ter esse tipo de pensamento de vez em quando. O filme "Eu sou a Lenda" foi baseado em um livro de romance bem antigo, nem sei a data. Mas ao que parece, essa idéia de estar sozinho no mundo é aquele tipo de pergunta que sempre nos fazemos: "como seria se eu acordasse (como o Jim) e não tivesse mais ninguém no mundo, só eu?" E eu como bom homo-sapiens que sou também me indago as vezes. Mas porque imaginar isso? Talvez pelo medo que todos temos, de não estar acompanhado, de precisar de alguém que se lembre de nós. Aquele mesmo medo que tantos tem de terminar a vida sozinho em um asilo. Talvez até pior que estar sozinho no mundo, é estar em um com 6 bilhões de pessoas e mesmo assim se sentir sozinho. Várias pessoas já estiveram na situação de passar vários anos sem contato com outro ser-humano. O filme "Náufrago" retrata bem o lado psicológico do isolamento. E eu acredito que seja algo bem parecido, desde a insanidade atacando, até o valor a coisas antes consideradas pequenas e corriqueiras. Só que o caso é diferente, apesar da situação ser tão psicológicamente forte quanto. Se um dia eu (ou qualquer outro) acordasse e não encontrasse mais ninguém no mundo, apesar de todas as coisas estarem intactas, carros, edifícios, super-mercados, qual seria a reação? Por isso, talvez, a maioria das histórias citadas acima se baseiam em um vírus mortal para tal situação. Até porque, seria complicado os ET´s abduzirem todos os seres humanos e te deixarem para trás, então, mais fácil que isso, é que todos morram ou se transformem em uma coisa que não um ser humano com comportamento típico. E claro, o lado mais realista que vivemos atualmente parte para o lado de um ataque biológico, seja esse terrorista ou acidental. Sabemos que o maior inimigo do homem são as doenças, principalmente as virais. São muito difíceis de serem controladas, e se colocadas em uma cadeia de reações quase instantâneas, seria sim facilmente o fim da raça humana. Esse é um dos maiores medos da bio-medicina desse novo século.

Uma pessoa tem várias formas de defesa, principalmente contra aquilo que ela vê. Agora, contra algo microscópico, é impossível. Dependemos do nosso corpo, e esse nem sempre tem a resposta (cura). É o caso citado nos filmes "12 Macacos", "Extermínio", "Eu sou a Lenda", "Resident Evil" e uns tantos outros. No caso do ótimo filme "Epidemia" é ainda mais realístico, mostrando o lado mais imediático do caso. Mas todos tem essa ligação. Esse lado obscuro que pode levar a humanidade ao seu fim ainda mais rápido que as causas naturais. E isso encanta, apesar de reprimir sentimentos. É sempre interessante ler algo com o tema, assistir a um bom filme ainda, melhor! E poder ver tudo ao vivo, sem ser uma das vítimas, parece mais atrativo ainda.

Mas claro que no caso de citar tantos filmes com "zumbis", não poderia deixar as obras de George Romero para trás, sem ao menos um comentário. É claro que são casos diferentes. Pra falar a verdade até assistí, mas pouco me marcaram seus filmes mais antigos, os clássicos. O interesse nele e em suas obras nasceu com "Terra dos Mortos" (Land of the Dead), filme mais recente e, para muitos, o pior deles. É claro que não vou concordar, hehe. Aí, no caso, mostra nem tanto um abandono solitário, nem a causa de um vírus. Na verdade, a causa dos mortos voltarem a tona nem sequer é explicada (o que torna ainda maior o charme da história). São apenas humanos lutando para sobreviver em um mundo parcialmente devastado onde os mortos andam e caçam vivos (!!!!). A outra "franquia" sem a assinatura do mestre, "Madrugada dos Mortos" (Dawn of the Dead), é apenas uma re-gravação do clássico, mas mesmo assim mantêm o nível. É divertido ver o desprendimento dos sobreviventes e o modo como eles encaram a situação, sem insanidade, puramente com o instinto de sobrevivência. Não sei até que ponto as pessoas consideram isso divertido, mas eu sim! E muito...

... e gastaria muitas horas vendo esse tipo de filme (por isso a consideração do "Eu sou a Lenda", tornando o tema como blockbuster). E claro, até o dia em que acordar, não tiver mais ninguém para conversar e ter que lutar pela sobrevivência contra pessoas controladas pela fome canibalística (hahahaha)!






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